quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Após longo impasse, America’s Cup é confirmada em Valencia

A Société Nautique de Genève (SNG) divulgou ontem que finalmente foi resolvido o litígio com o Golden Gate Yacht Club (GGYC) devido à escolha do porto-sede da 33ª America’s Cup, que será realizada no próximo mês de fevereiro.
Após uma nova volta aos tribunais, a Corte Suprema de Nova York julgou inválida a escolha de Ras al-Khaimah, nos Emirados Árabes Unidos, pela Société Nautique de Genéve (SNG) como sede da 33ª America’s Cup, devido às regras da Escritura de Entrega (Deed of Gift) relativas à escolha do porto-sede. Com isso, a SNG chegou a propôr duas alternativas na Austrália ao GGYC, enquanto o clube americano insistia por realizar o duelo em Valencia, na Espanha.
A disputa chegou ao fim ontem, com o anúncio da preferência da SNG por Valencia. Esta será a segunda vez consecutiva que a cidade espanhola sediará a America’s Cup, lembrando que na última edição da Taça (2007) o Alinghi venceu o Emirates Team New Zealand por 5-2. Confira as últimas novidades sobre a 33ª America’s Cup com o Blog da FENEB!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Torben Grael eleito Melhor do Mundo pela ISAF


Em 1996, Torben Grael foi nomeado pela primeira vez para o prêmio de Melhor Velejador do Ano da ISAF, devido à sua medalha de ouro, competindo com Marcelo Ferreira na classe Star, nos Jogos Olímpicos de Atlanta. É verdade que naquele ano haviam concorrentes com currículos muito mais extensos, como foi o caso do alemão Jochen Schümann, tri-campeão olímpico (uma vez na classe Finn e duas na Soling), que acabou sendo o Melhor do Mundo daquele ano.
Nos treze anos seguintes, Torben consolidou uma carreira internacional de sucesso: adicionou mais duas medalhas olímpicas (prata em Sydney e ouro em Atenas), tornou-se o maior medalhista olímpico de todos os tempos (superando o seu “ídolo” Paul Elvstrøm), mostrou ao mundo todo o potencial da vela brasileira ao liderar o Brasil 1 na histórica campanha da Volvo Ocean Race 2006-07, conquistou a edição 2008-09 da VOR com um aproveitamento de 84% dos pontos disponíveis no comando do Ericsson 4 e ainda recebeu mais três indicações ao prêmio de Melhor do Ano (2001, 2003 e 2004).
Estava claro que o prêmio de Melhor Velejador do Ano da ISAF deste ano já tinha dono. Mesmo com nomes como Pascal Bidégorry e Michel Desjoyeaux entre os indicados, o grande favorito era indubitavelmente o brasileiro “Turbina”. Na cerimônia realizada hoje na cidade sul-coreana de Busan, Torben Grael recebeu o prêmio de Melhor do Mundo das mãos do Príncipe-Regente Fredrik da Dinamarca e mostou-se extremamente feliz com a conquista: “Eu já estive presente neste evento como nomeado cinco vezes e, com certeza, o que estou sentindo desta vez é bem melhor do que todas as outras vezes em que compareci. É uma sensação fantástica ganhar este prêmio!”
Ao lado de Torben, a americana Anna Tunnicliffe, atual campeã olímpica e líder do ranking mundial da classe Laser Radial, também foi eleita a Melhor Velejadora do Ano da ISAF.

link: http://bit.ly/GRIr6
fotos: ISAF – www.sailing.org

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Duas equipes já confirmadas na VOR 2011-2012

A próxima edição da Volvo Ocean Race, marcada para começar em Alicante daqui a dois anos, contará com a volta das bandeiras italiana e francesa à competição transoceânica. De acordo com o site oficial, as equipes Italia 70 e Groupama adiantam que já estão confirmadas para as próximas duas edições da regata de volta ao mundo.

O time italiano será comandado por Giovanni Soldini, experiente velejador de 43 anos que possui no seu currículo importantes resultados em regatas solitárias como a Around Alone (2º em 1995 e 1º em 1999). Soldini será o líder de uma tripulação inteiramente italiana, fato que não ocorria desde a Whitbread Ocean Race (antigo nome da VOR) 1993-1994, quando todos os tripulantes do Brooksfield eram cisalpinos.
"Velejar nessa regata é o sonho da minha vida. Eu era só uma criança quando a primeira regata aconteceu em 1973. Eu lembro que eu pensava que [a VOR] era uma grande aventura e era, de fato, a maior aventura que havia e eu queria fazer parte dela," afirmou Soldini ao site oficial da VOR. "Na Itália nós temos muitos velejadores talentosos mas não temos muita experiência, por isso precisamos começar os treinamentos imediatamente." Com essa ideia em mente, o Italia 70 comprou o casco que pertenceu ao Ericsson 3 na última edição da regata: "A filosofia por trás da compra do Ericsson 3 é nos dar o máximo de tempo possível," completou Soldini.
Já do outro lado dos Alpes, o Groupama pretende apostar alto na VOR 2011-2012. A equipe francesa anunciou esta semana o seu projeto de participação na regata, que inclui como pontos chave o prolongamento da parceria de longa data com o skipper Franck Cammas e a escolha do designer argentino Juan Kouyoumdjian, que desenhou os vencedores das duas últimas VORs, como projetista do VO70 francês.

"Já faz 12 anos que o Groupama e Franck Cammas trabalham como uma equipe. Hoje [terça-feira, 03 de novembro], nós decidimos continuar com este compromisso ao participar na Volvo Ocean Race para inspirar uma maior dinâmica internacional no nosso projeto comum," disse Frédérique Granado, diretora de comunicação social do Groupama. "Acreditamos que o Franck vai lidar bem com esse desafio e nós apreciamos a sua habilidade em criar uma equipe e gerenciar uma tripulação e o design de barcos de altíssima performance. Essas qualidades serão decisivas na VOR," completou Granado.

link: http://tinyurl.com/ybteocp
fotos 1 e 4: Volvo Ocean Race - www.volvooceanrace.org
fotos 2 e 3: ISAF - www.sailing.org

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Desafiante da America's Cup quebra mastro em treinamento


De acordo com o site americano SailWorld, o trimarã americano BMW Oracle Racing 90 quebrou o mastro durante os treinamentos para a 33ª America's Cup em San Diego (Califórnia, Estados Unidos). O incidente ocorreu às 09h00 (14h00, horário da Bahia), mas só foi levado a público às 13h00 (18h00, horário da Bahia).
Segundo informações da equipe, ninguém se feriu e toda a tripulação está bem. O mastro quebrado estava passando pela sua primeira bateria de testes, e a equipe está investigando as causas do problema. O time BMW Oracle Racing ainda possui outros três mastros, que são otimizados para situações específicas de vento.
fotos: SailWorld

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Emoções da VOR 2008-09 contadas em livro e DVD


Hoje pela manhã, a organização da Volvo Ocean Race anunciou o lançamento do livro e DVD oficiais da edição 2008-2009 da regata, vencida pelo Ericsson 4 dos brasileiros Torben Grael, Joca Signorini e Horácio Carabelli. "Spanish Castle to White Night" ("Do castelo espanhol à noite branca", sem tradução para o português), de autoria do repórter e comentarista oficial Mark Chisnell, conta a história da competição mundial de ponta a ponta, sem deixar escapar nem um pouco da emoção.

"Oitenta e oito homens saíram dos baluartes do Castelo de Santa Bárbara em Alicante, mas somente 36 fariam a jornada completa de 37 000 milhas ao encontrar a branca noite de São Petersburgo. E ainda teve a Maré Negra do Japão, condições meteorológicas brutais, lesões, e até mesmo a crise financeira mundial teve influência na história," afirmou Lizzie Ward no site oficial da ISAF. O livro terá também uma versão especial para os países nórdicos ("High Seas, High Stakes"; "Altos mares, altas apostas"), que conta com material especial sobre a equipe Ericsson.
Interessado? Livro e DVD custam 48 euros (125 reais) e apenas o DVD sai por 18 euros (47 reais), já incluídas as despesas de postagem. O site da loja oficial da VOR é www.seahorse.co.uk/shop/volvobook.

link: http://tinyurl.com/yfj3ny6
imagens: http://www.volvooceanrace.org/

O épico do "Lusíada" Francisco Lobato


"Quando eu consultava meus treinadores sobre minha opção de competir na Transat, toda a gente me dizia que nunca ninguém tentou isto aqui em Portugal, não vai dar certo, vais perder!" Com determinação, força de vontade e um enredo digno de "Os Lusíadas", Francisco Lobato apostou todas as suas fichas no seu sonho oceânico. Largou a chance de disputar as Olimpíadas de Pequim na classe Laser para enfrentar sozinho o Atlântico, tendo a si mesmo como único companheiro. Lobato superou as dificuldades financeiras, submeteu-se às regatas de qualificação em duríssimas condições meteorológicas e ainda teve que conciliar tudo isto com a corrida rotina de estudante de mestrado em engenharia naval.

Com essas acertadas decisões, Lobato tornou-se o primeiro português a conseguir a qualificação e, mais do que isso, foi vencedor da Regata Transat 6.50 Charente Maritime-Bahia a bordo do roff tmn. "O balanço geral é muito positivo, atingi o meu objetivo. Ganhei a Transat. Há dois anos foi tudo muito violento, estragou-se muito material. Este ano tudo estava muito bem programado e preparado. Desta vez não parti nada a bordo, tudo estava muito bem preparado, consegui controlar tudo," afirmou o vencedor da classe Série ao jornal português Expresso.

A trajetória vitoriosa de Lobato na edição deste ano começou quando ele decidiu concentrar-se integralmente na campanha transatlântica, ainda em 2007: "Tinha tudo encaminhado para assinar um contrato com a Federação Portuguesa de Vela para participar nos Jogos Olímpicos de Pequim, mas resolvi tomar um rumo diferente. Todos diziam que era pra eu continuar no Laser, mas havia uma vontade grande de seguir em frente neste projeto." Assim como na obra de Luís de Camões, "O Lusíada" Lobato abriu mão de tudo para tentar a incerta glória de conquistar o Atlântico, assim como Vasco da Gama. A diferença é que Francisco enfrentaria tudo sozinho.

O português manteve o foco na preparação para a Transat durante os dois anos, participando das etapas qualificatórias para a regata. Na hora da largada, Lobato não tinha outra coisa na mente senão completar a travessia: "Eu vinha bastante confiante, tinha o barco bem preparado. Sabia o que queria e como iria fazer. Na largada, não olhei o que os outros estavam fazendo, fiz uma primeira etapa muito boa. Meu objetivo além de ganhar era fazer uma regata limpa, sem machucar o barco e ter um pouco de prazer com a velejada."

Já em águas brasileiras, Francisco desafiou os experts da imprensa internacional ao adotar uma tática completamente diferente, tachada de "suicida": "No Recife, decidi ir para fora, não podia correr o risco da divergência de ventos que há por vezes. Perante a hipótese de haver muitas calmarias, baixei o Spi, saí da calmaria e acabei por ganhar vento. Quando tomei esta decisão, não sabia muito bem o que ia acontecer, mas era, sem dúvida, mais seguro," afirmou ele à revista portuguesa NauticaPress. Este bordo acabou por ser fundamental para assegurar a liderança obtida na primeira perna e a vitória na classificação geral. "Se foi a escolha certa ou não nunca vamos saber. O que vai ficar para a história é que fiquei no primeiro lugar."

O que realmente fica para a História é que o Atlântico é novamente português depois de centenas de anos, numa façanha heroica do determinado e incansável Francisco Lobato, que foi muito além do Bojador e da dor. Se valeu a pena? Além de vencedor, Lobato ainda foi solidário com o italiano Ricardo Apolloni, que encalhou na Praia de Guarajuba, e cedeu lemes e ferragens de emergência para que o colega pudesse completar a regata. Talvez Vênus, Júpiter e Marte tenham intervido e protegido o lusitano, assim como guiaram "Os Lusíadas" 500 anos antes.

E agora, quais são os próximos objetivos? "Agora estou terminando meu mestrado em engenharia naval. Chega uma altura na minha vida em que tenho que decidir se serei velejador profissional ou trabalhar como engenheiro, mas vou fazer de tudo para seguir velejando e vou tentar. Vou começar agora nos Figaro e depois gostaria de tentar uma Volvo Ocean Race ou uma Vendée Globe. Vou ver as oportunidades que aparecerem e aproveitar," disse Lobato com uma clara visão de futuro. "A classe Figaro é extremamente competitiva e com nível altíssimo. Só há mesmo o problema dos patrocínios."
Ao final da festa de premiação da Transat, Lobato ainda deixou mensagens para os dois lados do Atlântico: "O Brasil tem que pôr mais velejadores na Mini-Transat. Na vela de equipe vocês já têm muitos, especialmente o grande projeto do Brasil 1 na Volvo Ocean Race." E para Portugal? "Preparem-se para a festa!"
E que festa! A pátria-mãe recebeu ontem o seu filho vitorioso com muita alegria e emoção, em cerimônia realizada no Aeroporto Internacional da Portela, em Lisboa. A caipirinha e as frutas do quente Brasil deram lugar à "imperial" e ao cachecol do frio Portugal. Mas, tanto na Bahia quanto em Portugal, o que fica é o sentimento de admiração e respeito ao "heroi do mar" Francisco Lobato, que não desistiu nunca do seu sonho e que agora virou realidade.

link: http://tinyurl.com/yjq3rcc
fotos: gentilmente cedidas pelo site oficial www.franciscolobato.com