"Quando eu consultava meus treinadores sobre minha opção de competir na Transat, toda a gente me dizia que nunca ninguém tentou isto aqui em Portugal, não vai dar certo, vais perder!" Com determinação, força de vontade e um enredo digno de "Os Lusíadas", Francisco Lobato apostou todas as suas fichas no seu sonho oceânico. Largou a chance de disputar as Olimpíadas de Pequim na classe Laser para enfrentar sozinho o Atlântico, tendo a si mesmo como único companheiro. Lobato superou as dificuldades financeiras, submeteu-se às regatas de qualificação em duríssimas condições meteorológicas e ainda teve que conciliar tudo isto com a corrida rotina de estudante de mestrado em engenharia naval.
Já em águas brasileiras, Francisco desafiou os experts da imprensa internacional ao adotar uma tática completamente diferente, tachada de "suicida": "No Recife, decidi ir para fora, não podia correr o risco da divergência de ventos que há por vezes. Perante a hipótese de haver muitas calmarias, baixei o Spi, saí da calmaria e acabei por ganhar vento. Quando tomei esta decisão, não sabia muito bem o que ia acontecer, mas era, sem dúvida, mais seguro," afirmou ele à revista portuguesa NauticaPress. Este bordo acabou por ser fundamental para assegurar a liderança obtida na primeira perna e a vitória na classificação geral. "Se foi a escolha certa ou não nunca vamos saber. O que vai ficar para a história é que fiquei no primeiro lugar."
O que realmente fica para a História é que o Atlântico é novamente português depois de centenas de anos, numa façanha heroica do determinado e incansável Francisco Lobato, que foi muito além do Bojador e da dor. Se valeu a pena? Além de vencedor, Lobato ainda foi solidário com o italiano Ricardo Apolloni, que encalhou na Praia de Guarajuba, e cedeu lemes e ferragens de emergência para que o colega pudesse completar a regata. Talvez Vênus, Júpiter e Marte tenham intervido e protegido o lusitano, assim como guiaram "Os Lusíadas" 500 anos antes.
E agora, quais são os próximos objetivos? "Agora estou terminando meu mestrado em engenharia naval. Chega uma altura na minha vida em que tenho que decidir se serei velejador profissional ou trabalhar como engenheiro, mas vou fazer de tudo para seguir velejando e vou tentar. Vou começar agora nos Figaro e depois gostaria de tentar uma Volvo Ocean Race ou uma Vendée Globe. Vou ver as oportunidades que aparecerem e aproveitar," disse Lobato com uma clara visão de futuro. "A classe Figaro é extremamente competitiva e com nível altíssimo. Só há mesmo o problema dos patrocínios."
Ao final da festa de premiação da Transat, Lobato ainda deixou mensagens para os dois lados do Atlântico: "O Brasil tem que pôr mais velejadores na Mini-Transat. Na vela de equipe vocês já têm muitos, especialmente o grande projeto do Brasil 1 na Volvo Ocean Race." E para Portugal? "Preparem-se para a festa!"
Com essas acertadas decisões, Lobato tornou-se o primeiro português a conseguir a qualificação e, mais do que isso, foi vencedor da Regata Transat 6.50 Charente Maritime-Bahia a bordo do roff tmn. "O balanço geral é muito positivo, atingi o meu objetivo. Ganhei a Transat. Há dois anos foi tudo muito violento, estragou-se muito material. Este ano tudo estava muito bem programado e preparado. Desta vez não parti nada a bordo, tudo estava muito bem preparado, consegui controlar tudo," afirmou o vencedor da classe Série ao jornal português Expresso.
A trajetória vitoriosa de Lobato na edição deste ano começou quando ele decidiu concentrar-se integralmente na campanha transatlântica, ainda em 2007: "Tinha tudo encaminhado para assinar um contrato com a Federação Portuguesa de Vela para participar nos Jogos Olímpicos de Pequim, mas resolvi tomar um rumo diferente. Todos diziam que era pra eu continuar no Laser, mas havia uma vontade grande de seguir em frente neste projeto." Assim como na obra de Luís de Camões, "O Lusíada" Lobato abriu mão de tudo para tentar a incerta glória de conquistar o Atlântico, assim como Vasco da Gama. A diferença é que Francisco enfrentaria tudo sozinho.
O português manteve o foco na preparação para a Transat durante os dois anos, participando das etapas qualificatórias para a regata. Na hora da largada, Lobato não tinha outra coisa na mente senão completar a travessia: "Eu vinha bastante confiante, tinha o barco bem preparado. Sabia o que queria e como iria fazer. Na largada, não olhei o que os outros estavam fazendo, fiz uma primeira etapa muito boa. Meu objetivo além de ganhar era fazer uma regata limpa, sem machucar o barco e ter um pouco de prazer com a velejada."Já em águas brasileiras, Francisco desafiou os experts da imprensa internacional ao adotar uma tática completamente diferente, tachada de "suicida": "No Recife, decidi ir para fora, não podia correr o risco da divergência de ventos que há por vezes. Perante a hipótese de haver muitas calmarias, baixei o Spi, saí da calmaria e acabei por ganhar vento. Quando tomei esta decisão, não sabia muito bem o que ia acontecer, mas era, sem dúvida, mais seguro," afirmou ele à revista portuguesa NauticaPress. Este bordo acabou por ser fundamental para assegurar a liderança obtida na primeira perna e a vitória na classificação geral. "Se foi a escolha certa ou não nunca vamos saber. O que vai ficar para a história é que fiquei no primeiro lugar."
O que realmente fica para a História é que o Atlântico é novamente português depois de centenas de anos, numa façanha heroica do determinado e incansável Francisco Lobato, que foi muito além do Bojador e da dor. Se valeu a pena? Além de vencedor, Lobato ainda foi solidário com o italiano Ricardo Apolloni, que encalhou na Praia de Guarajuba, e cedeu lemes e ferragens de emergência para que o colega pudesse completar a regata. Talvez Vênus, Júpiter e Marte tenham intervido e protegido o lusitano, assim como guiaram "Os Lusíadas" 500 anos antes.
E agora, quais são os próximos objetivos? "Agora estou terminando meu mestrado em engenharia naval. Chega uma altura na minha vida em que tenho que decidir se serei velejador profissional ou trabalhar como engenheiro, mas vou fazer de tudo para seguir velejando e vou tentar. Vou começar agora nos Figaro e depois gostaria de tentar uma Volvo Ocean Race ou uma Vendée Globe. Vou ver as oportunidades que aparecerem e aproveitar," disse Lobato com uma clara visão de futuro. "A classe Figaro é extremamente competitiva e com nível altíssimo. Só há mesmo o problema dos patrocínios."
Ao final da festa de premiação da Transat, Lobato ainda deixou mensagens para os dois lados do Atlântico: "O Brasil tem que pôr mais velejadores na Mini-Transat. Na vela de equipe vocês já têm muitos, especialmente o grande projeto do Brasil 1 na Volvo Ocean Race." E para Portugal? "Preparem-se para a festa!"
E que festa! A pátria-mãe recebeu ontem o seu filho vitorioso com muita alegria e emoção, em cerimônia realizada no Aeroporto Internacional da Portela, em Lisboa. A caipirinha e as frutas do quente Brasil deram lugar à "imperial" e ao cachecol do frio Portugal. Mas, tanto na Bahia quanto em Portugal, o que fica é o sentimento de admiração e respeito ao "heroi do mar" Francisco Lobato, que não desistiu nunca do seu sonho e que agora virou realidade.
link: http://tinyurl.com/yjq3rcc
Sou um simples acompanhante virtual das provas do F. Lobato desde 2007, e como português estou muito feliz pelo feito do Francisco, e mais feliz com a vossa reportagem, um grade agradecimento ao Blog FENEB, e a todo o Brasil.
ResponderExcluirum grande abraço,
João Rocha
Parabéns! Brilhante artigo.
ResponderExcluirgrande vitoria da tenacidade,resiliência do conhecimento de :mar, velejar , meteo ,electricidade, electrónica aerodinamica construção naval, disciplina ,limites humanos,empreendedorismo ,sponsorização, etc...
ResponderExcluirna realidade estes velejadores são uns "macguiver´s" do mar ,pois solitários no oceano, têm que tudo solucionar..relembremos a saga por que passou em 2007 lobato (www.franciscolobato.com) ,na transat , apesar das contrariedades(lemes quebrados no meio do oceano etc...)conseguiu chegar a salvador e ainda em 7º lugar