terça-feira, 21 de julho de 2009

Técnicos campeões brasileiros falam sobre suas equipes de Optimist

Durante esta semana, será disputado no Yacht Clube da Bahia o 36º Campeonato Norte/Nordeste de Optimist. Nesta edição, as estrelas do campeonato serão apenas os velejadores nascidos entre 1994 e 2002. Mas, antes mesmo dos atuais competidores terem nascido, Mário Urban e Rodrigo Amado já tinham seus nomes escritos na história da vela nacional e mundial da classe Optimist. O baiano Maru, representando o Yacht Clube da Bahia, tem no seu hall de conquistas três campeonatos Norte/Nordeste (1991/1992/1993) e o Campeonato Brasileiro de 1993 nas águas do Rio de Janeiro. Já o carioca Rodrigo, representando o Clube Naval Charitas de Niterói, é bicampeão brasileiro (1990 e 1991) e também participou de 5 mundiais, conquistando a 11ª posição em 1991. Hoje, ambos são treinadores das equipes dos seus clubes e são grandes amigos desde a época que velejavam na "divisão de base" da vela esportiva.
Na área social do Yacht, Maru e Rodrigo responderam às perguntas do FENEB Entrevista, depois de um longo dia de treinamento com as suas equipes. Confira as entrevistas na íntegra:

Blog da FENEB: No início da década de 90, a Bahia ganhou diversos títulos regionais e nacionais de vela graças a uma geração de grandes atletas como você, Mateus Tavares, Felipe Cunha e Yuri Smarcevski. Agora, você é o treinador de uma equipe que, como a sua, é considerada a grande esperança para o futuro da vela baiana. Quais são as semelhanças entre a sua geração e a geração de hoje?
Mário Urban: Os meninos que estão velejando hoje demonstram pra gente que têm vontade de aprender, de andar na frente e de querer ser melhor a cada dia. Estão demonstrando que querem ser campeões brasileiros, que querem participar de campeonatos sul-americanos, mundiais... Eles têm vontade e interesse de melhorar e, a cada dia, conquistar melhores colocações em campeonatos.
Blog: De todos os títulos que você conquistou, qual foi o mais marcante?
Maru: O Brasileiro de Optimist de 1993. Foi o título mais importante que conquistei, além de ter sido o primeiro título brasileiro geral conquistado por um baiano. Lá no campeonato estavam meus pais e todos os competidores baianos torcendo... Foi muito bom ter a presença de todos naquela conquista.

Blog: Kim Vidal e Juliana Duque irão defender o título de Campeões Norte-Nordeste de Optimist na Baía de Todos os Santos. Qual a maior vantagem de competir em casa?
Maru: Acredito que a maior vantagem está nas situações com correnteza, que os meninos daqui já estão acostumados a lidar. Eles estão acostumados também a velejar com as ondas daqui, tocar o barco, descer onda, puxar na hora certa... tudo que é mais específico da raia daqui eles sabem e estão com vantagem. Por exemplo, em Brasília não tem onda nem correnteza, e dá pra ver que o pessoal fica meio perdido, sem saber como compensar no tempo certo... Sem contar que uma boa parte dos velejadores de fora não estão acostumados a velejar com onda.
Blog: No seu ponto de vista, como está a Bahia hoje no cenário nacional?
Maru: Na classe Optimist, a gente está numa fase de crescimento. Estamos usando este campeonato para testar e medir o quanto os meninos evoluíram de janeiro pra cá. Nossa expectativa é colocar pelo menos 4 deles entre os 20 primeiros do Campeonato Brasileiro 2010. Já na vela como um todo, estamos muito bem na classe Snipe, que tem grandes atletas participando. Porém, nas outras classes, inclusive vela de oceano, a gente precisa que o pessoal se anime mais e procure correr mais regatas e também treinar mais. A galera precisa aprender a apreciar uma saída no fim de semana pra treinar, porque é isso que faz manter o nível lá em cima.

Blog: De que forma a sua experiência em competições nacionais e internacionais estão contribuindo com a FENEB?
Maru: A FENEB hoje tem pessoas que têm interesse em levantar a vela na Bahia. Além disso, estou cooperando no que diz respeito à organização de campeonatos, como nas instruções de regata e formato das competições. Também estamos procurando promover treinamentos para melhorar o nível de competição, tanto de profissionais (comissões de regata e protesto) como também dos velejadores.

Blog: Você esteve presente na Rolex Ilhabela Sailing Week a bordo do Maria Preta (Benetéau First 47.7) este ano. Qual a principal diferença entre as raias de São Paulo e a raia baiana?
Maru: As condições de vento de Ilhabela são completamente diferentes das situações daqui. Nós temos um vento mais constante, que praticamente só muda de intensidade. Lá os ventos variam muito em termos de rondada, como numa regata de percurso que [o vento] rondou 180º. A tripulação tem que estar mais preparada pra essas alterações de vento pra não perder desempenho em relação aos concorrentes.


Blog da FENEB: E para você, Rodrigo, qual a maior diferença entre a vela carioca e a vela baiana?
Rodrigo Amado: A maior diferença é que existem muito mais clubes no Rio de Janeiro e também mais regatas. Só em Niterói [sede do Charitas] temos cinco clubes com flotilha de Optimist, sem contar com os da capital. Além disso, todo fim de semana tem regata, enquanto que na Bahia se tem menos eventos e velejadores. Por causa disso, os clubes lá têm uma estrutura muito maior.
Blog: E as condições de vento, corrente e ondas?
Rodrigo: Aqui na Bahia tem muita correnteza e um pouco mais de onda. Sem contar que a média de vento daqui é maior do que a do Rio, mesmo no inverno.
Blog: Como está a equipe do Charitas?
Rodrigo: Nossa equipe está passando por um processo de renovação, com uma garotada nova chegando. A maioria dos nossos veteranos teve bons resultados, estando entre os top 5 do país, mas agora eles estão fazendo 15 anos e estão partindo para o Laser. Trouxemos para cá 4 meninos que, apesar de estarem velejando há pouco tempo, estão começando a andar na frente. Eles são os "donos" dos Optimists rosa (risos), todo mundo já sabe que eles são do Charitas!
fotos: Mauricinho Mascarenhas

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