domingo, 8 de fevereiro de 2009

A escuna que mudou a vela pra sempre (Parte 1)

Era o ano de 1851. Um grupo de seis americanos queria provar para o "Velho Mundo" (no caso, os ingleses) que a ex-colônia já tinha tecnologia suficiente para construir veleiros que não seriam apenas competitivos, mas superiores ao da "metrópole" Inglaterra. A escuna de 100 pés, que seria construída apenas com esse propósito, acabou dando seu nome àquela que é a competição mais antiga de todo o mundo. Hoje, no "Veleiros que marcaram a História", a estrela é a America, que iniciou a disputa que hoje é conhecida como America's Cup.
Desenhada para ser veloz, a escuna media 101 pés e 3 polegadas (30.9 metros), mas possuía uma linha d'água muito menor, de apenas 89 pés e 10 polegadas (27.39 metros). Isso dava à America uma vantagem ao adernar, e a área vélica de 492 m² transformava-a numa verdadeira máquina de velejar. A idéia de construí-la partiu de John Cox Stevens e outros cinco sócios do New York Yacht Club, que queriam construir um veleiro para mostrar as habilidades da construção naval americana na Inglaterra, além de ganhar dinheiro ao competir em regatas.
A imprensa náutica britânica já acompanhava a construção da escuna, já com uma certa cautela. Ao chegarem no porto de Cowes, na ilha de Wight, no dia 31 de julho, o veleiro inglês Laverock logo apareceu e desafiou o veleiro americano. Embora haja uma contradição nos resultados, Stevens depois afirmou que a America venceu o desafio, desencorajando outros barcos britânicos a enfrentarem o time da ex-colônia. Depois de quase um mês sem encontrar um adversário, a America aceitou participar da regata de 53 milhas que daria a volta no sentido horário pela ilha de Wight, aberta para todos os veleiros e "bico-de-proa", ou seja, sem ratings.
Às 10 da manhã do dia 22 de agosto, foi dada a largada para a regata do Royal Yacht Squadron, mas a America largou atrasada devido a um problema na âncora, o que deixou-a atrás dos outros 14 competidores, todos ingleses. Parecia que tudo ia dar errado para o promissor veleiro americano, que tentava provar a competência dos estaleiros ianques para o centro da vela mundial na época, que era a Inglaterra. Após algum tempo de regata, a escuna conseguiu recuperar algum terreno e ficar no quinto lugar, mas a única coisa que interessava à tripulação era o primeiro lugar. Mas as águas da ilha de Wight reservavam uma surpresa tática que apenas a America e o seu skipper Richard Brown teriam a coragem de executar.
Na segunda parte da nossa reportagem, na quarta-feira, descubra como foi o fim da regata nas águas do Solent e o início de uma das séries de vitórias seguidas mais longas do esporte mundial, que durou 132 anos, e saiba qual foi o destino da America depois da histórica regata contra os ingleses, e todas as aventuras pelas quais ela passou aqui, no "Veleiros que marcaram a História".

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