Eis aqui a segunda parte de mais um "Veleiros que marcaram a História", que esta semana traz para o amigo leitor a história da escuna America, idealizada por seis velejadores americanos que tinham como objetivo provar à Inglaterra que os Estados Unidos tinham tecnologia suficiente para competir igualmente com os grandes iates da nação que dominava os mares naquela época.
Como diz o saber popular, de nada adianta uma grande embarcação se você não tem uma tripulação suficientemente boa, e vice-versa. No caso da escuna americana, eles possuíam ambos; tinham um dos barcos mais velozes da época e tripulantes com muita experiência em navegar pelos baixios do Rio Hudson, que corta a cidade de Nova York. Dentre os tripulantes, há de se destacar a importância da escolha do skipper Richard Brown, um dos mais habilidosos membros dos "Pilotos de Sandy Hook", conhecidos mundialmente pela habilidade com que navegam por entre os inúmeros bancos de areia do Hudson.
Com a America longe da primeira posição, o skipper Brown tomou uma iniciativa ousada: no lado leste da ilha, os baixios do lado leste da Ilha de Wight (chamados de "Nab Rocks") costumavam ser deixados a bombordo pelos veleiros em competição. Porém, um barco que tivesse um piloto habilidoso poderia passar entre a terra e o "barco-farol" que demarcava o baixio. Com isso, a escuna da ex-colônia pulou para a primeira posição e, embora um dos adversários tivesse protestado, a comissão de regata declarou a manobra como legal e rejeitando o pedido de protesto, já que as regras não especificavam por qual lado o barco-farol deveria ser deixado.
Um pouco após as 18h00, a America cruzou a linha de chegada na frente dos outros 14 barcos do Royal Yacht Squadron (Real Esquadra de Vela) inglês, com uma diferença de oito minutos para o segundo colocado, o Aurora. Diz a lenda que a Rainha Victoria assistia à regata e, ao ver o veleiro americano ganhar a competição, perguntou quem era o segundo colocado. A resposta, que se tornou famosa, foi: "Ah, sua Majestade, não existe segundo!"
Dez dias depois, a história do veleiro se separou da do sindicato que ganhou a famosa corrida com ele. Enquanto a tripulação doou o troféu ao New York Yacht Club, que se tornou o defensor da Taça e mantenedor de uma série invicta de 132 anos, a America foi vendida por 3 vezes em 7 anos, sendo renomeada Camilla. Em 1860, a escuna voltou para os Estados Unidos sob o comando de Henry Edward Decie, que depois vendeu-a para os Estados Confederados durante a Guerra Civil Americana, na qual a Camilla participou em diversos bloqueios navais à União. Dois anos depois, os ianques recuperaram o veleiro e o nomearam de novo como America, num período em que foi armada com três canhões que podiam atingir alvos a até um quilômetro.
Ao fim da Guerra de Secessão, a Marinha americana usou a escuna como barco-escola, e até a inscreveu na America's Cup de 1870, ficando com o quarto lugar. Em 1873, o veleiro passou de mãos de novo, desta vez para Benjamin Butler, que cuidava muito bem do barco. Porém, com a morte de Butler, a America foi passando por longos períodos de falta de manutenção, que prejudicavam muito a estrutura do veleiro.
Em 1921, o Fundo de Restauração da America comprou a escuna e doou-a à Academia Naval americana, sediada em Annapolis. Mesmo lá, a falta de manutenção deixou o velho barco em um estado crítico até que, em 29 de março de 1942 a carreta onde o veleiro estava cedeu e danificou seriamente a estrutura da histórica escuna, impedindo qualquer tentativa de restaurá-la. Finalmente, em 1945, os restos da carreta e da America foram queimados, terminando assim com a vida de um barco que participou ativamente do início da vela como esporte, e que deu a largada para a disputa centenária da taça que leva seu nome.
fonte: Wikipédia
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