sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

FENEB Entrevista: John Martin

Hoje, o FENEB Entrevista tem a honra de trazer como convidado o Comodoro do Royal Cape Yacht Club, John Martin, que fez parte da comissão de regata da edição 2009 da Heineken Cape to Bahia. Numa conversa agradável no Terminal Náutico da Bahia, enquanto esperávamos a tripulação do Rambler chegar para as boas-vindas, John nos contou um pouco da relação da África do Sul com a vela e não poupou elogios à Bahia.
Blog da FENEB: Comodoro John, você poderia nos falar um pouco sobre o Royal Cape Yacht Club?
John Martin: O RCYC é o maior clube de veleiros de oceano de toda a África do Sul, com 150 barcos e 3000 membros e destes, 40% são velejadores. Nós também temos 15 veleiros de oceano que correm pela classe IRC, ou seja, são realmente muito competitivos. Entre os nossos associados estão vários dos melhores velejadores do nosso país, alguns já inclusive usaram as "cores do Springbok", a maior honra esportiva da África do Sul.

Blog: Qual a importância da Heineken Cape to Bahia para o mundo da vela sul-africano?
Martin: É a nossa regata mais importante, e justamente um dos objetivos do Royal Cape Yacht Club é promover a vela sul-africana internacionalmente. A primeira regata trans-atlântica que organizamos foi a Cape to Rio em 1971. Mas, em 2003, nós percebemos que Salvador seria um lugar melhor para a chegada.

Blog: Por quais motivos?
Martin: Aqui na Bahia sempre temos brisas soprando, temos uma melhor competitividade na chegada, a infra-estrutura para os velejadores é melhor do que no Rio de Janeiro, já que tudo está muito próximo do ancoradouro, e fica mais fácil preparar a viagem de volta. Nós também recebemos ajuda do Cônsul-Geral do Brasil na África do Sul, Joaquim Sales, e acreditamos que existe um grande potencial do turismo entre os dois países e até mesmo em trocas culturais entre a Cidade do Cabo e Salvador. Nós do RCYC estamos felizes de estar aqui pela segunda vez, e pela Bahia ter aceitado receber a corrida. Agradeço ao Governo da Bahia pela ajuda na organização da nossa regata.

Blog: Este ano tivemos muita emoção na Heineken Cape to Bahia, principalmente pela disputa entre o Rambler e o ICAP Leopard. Como você enxerga a presença de veleiros internacionais na regata?
Martin: Este ano, temos veleiros de 9 países e velejadores de 27 nacionalidades, sem contar com os participantes do Atlantic Rally for Cruisers. Um dos meus objetivos era trazer os super-maxi's para a regata, para aumentar o nível de competição.

Blog: Quais as regatas internacionais que o Royal Cape Yacht Club sedia além da Volvo Ocean Race?
Martin: Nós sediamos ano passado a Portimão World Race, que tinha barcos competindo em solitário e em duplas. Junto com a Heineken Cape to Bahia está vindo 19 barcos do Atlantic Rally for Cruisers, e está pra vir esse ano também o Clipper Challenge.

Blog: Como você vê o desempenho dos velejadores "da casa" na Cape to Bahia?
Martin: Nós temos o Hi-Fidelity, que deve ser o próximo a chegar, e é o líder no tempo corrigido entre os sul-africanos. Nós tínhamos também o Vineta, de bandeira alemã mas com tripulação do RCYC, que é muito competitivo, mas perdeu o mastro logo no início. Nós também temos dois barcos com tripulações jovens: um deles é o Over Proof, que estava velejando muito bem, mas teve que abandonar por causa dos lemes quebrados; o outro é o Voortrekker, que é tripulado por alunos e ex-alunos de uma academia de vela para crianças de famílias pobres.

Blog: O Royal Cape Yacht Club tem uma escola de vela ou classes de monotipos?
Martin: Não, não, o RCYC é só de veleiros de oceano. Porém, nós temos um programa de incentivo e apoio à formação de jovens velejadores com diversas escolas de vela por todo o país, e nós chamamos os melhores para competir na vela de oceano. A Academia de Izivunguvungu, da Marinha da África do Sul, conta com o apoio do RCYC. Nós pagamos os cursos e damos incentivos aos jovens para que participem da academia.

Blog: O objetivo da FENEB é exatamente este: fomentar a vela no Estado da Bahia, através de projetos para trazer a vela para perto do público e, consequentemente, dos jovens. Para você, qual é o caminho certo na construção de uma sociedade que apóie e incentive a vela?
Martin: Acredito que vocês aqui na Bahia estão fazendo certo, permitindo ao público que participe da vela. A vela não é um esporte de elite, e muitas vezes o dono do barco não é o capitão. O caminho a seguir envolve trazer o público e dar oportunidade às pessoas para que tenham experiência competitiva no esporte e para que saibam que é um esporte com preços acessíveis. Deve-se ensinar às pessoas as noções básicas da velejada, de navegação, e dar oportunidade para que eles façam parte de uma tripulação e que desenvolvam diferentes habilidades, como as de skipper, proeiro ou navegador. E, se o Governo gastar só um pouquinho mais com o esporte, poderá ajudar a trazer a vela para mais perto do público da Bahia.

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