
Terminada a maior festa do mundo em
Salvador e a mais desejada competição do esporte náutico em
Valencia, chega a hora de analisar as consequências do retorno da
America's Cup às mãos dos
yankees depois de 15 anos viajando pelo mundo devido à vitória do
challenger (desafiante)
BMW Oracle Racing (GGYC/EUA) por
duas regatas a zero sobre o defensor
Alinghi (SNG/SUI).
Definitivamente, a conquista do time de
Larry Ellison vai muito além do simples retorno do troféu à terra das
stars and stripes ("estrelas e listras," em referência à bandeira dos EUA). A descrença causada pelos
31 meses de disputa judicial entre a
Société Nautique de Genéve e o
Golden Gate Yacht Club pelo futuro do centenário troféu e o afastamento das grandes equipes da vela mundial (e, consequentemente, dos seus patrocinadores) parecem ter chegado a um fim, fazendo parte de um período turbulento que começou com a vitória dos suíços em 2007 na mesma raia de
Valencia.

O dono da equipe americana, que também é
CEO e co-fundador da empresa de tecnologia
Oracle, até tentou fazer algum mistério sobre o desafio recebido ainda no domingo mas logo confirmou-se o boato de que o
Club Nautico di Roma, representado pelo
Mascalzone Latino Audi Team (CNR/ITA, na foto treinando em
Valencia para o
Louis Vuitton Trophy),
seria o challenger para a 34ª edição da Copa. Contudo, caso surjam outros clubes interessados em desafiar os defensores, a
America's Cup voltará a ter a mesma cara de antes, com um torneio (que possivelmente terá o costumeiro nome de
Louis Vuitton Cup) entre os candidatos para definir quem será o
challenger oficial.

Nas conferências de imprensa, os chefes do time deram sinais de que a próxima disputa pela
Auld Mug ("a antiga caneca") será diferente da que eles acabaram de ganhar. "Teremos um gerenciamento independente para todos os aspectos competitivos da regata. Creio que é importante para todos os competidores saber que as regras serão justas e iguais para todos,"
afirmou Russell Coutts, CEO da equipe. Quanto às especulações sobre a próxima raia, a imprensa especializada lista
Newport (histórica raia da Copa por 53 anos) e
San Diego (última raia americana da Copa) como favoritos além de
San Francisco, porto do
Golden Gate Yacht Club. Ellison, contudo, cita todas as escolhas da mídia, incluindo
Valencia, como
"possibilidades".
Tirando os capítulos de disputa judicial que por momentos pareciam infindáveis, o que vai ficar para a História é a fantástica disputa entre os dois mais rápidos veleiros de todos os tempos, vencida com maestria pelo trimarã americano capaz de velejar duas vezes e meia mais rápido que o vento e sua espantosa vela rígida, 55% maior que a asa do maior avião já construído. Citações da mídia como "
The Wing is King"
("A asa é a rainha") e
"o fim da era do vento aparente vindo por trás
" definirão pra sempre os veleiros incríveis construídos por americanos e suíços. "Ainda não caí na real. A única parte ruim (de ter vencido) é que não iremos mais velejar neste barco. Nós todos queríamos velejar nele todo dia. É um barco muito especial e muito gratificante de velejar," contou
James Spithill,
skipper do
BMW Oracle Racing.

A vitória do clube californiano na
America's Cup foi comemorada como o pentacampeonato brasileiro no futebol em 2002. Manter o troféu na "terra dos livres e casa dos bravos" é questão de honra para os americanos, que buscam recuperar a Taça perdida em 1983 para os australianos. Por curiosidade, um dos principais responsáveis pela vitória do
BMW Oracle Racing em
Valencia, o
skipper James Spithill, nasceu na "terra dos cangurus".
Mês que vem, as principais equipes do mundo estarão reunidas em
Auckland, na Nova Zelândia, para a segunda etapa do
Louis Vuitton Trophy e provavelmente se reunirão para discutir os termos para participar na disputa pelo lugar de
challenger na próxima
America's Cup. Fique por dentro de tudo que acontece no cenário da vela mundial com a gente, no
Blog da FENEB!
Foto 1: Carlo Borlenghi / Alinghi
Foto 2: Richard Gladwell / Sail World
Fotos 3 e 4: Juerg Kaufmann / www.go4image.com
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