quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

FENEB Entrevista: Pedro Paulo Petersen

O FENEB Entrevista de hoje tem como convidado Pedro Paulo Petersen, presidente da Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro (FEVERJ). Durante a cerimônia de encerramento do XIV Circuito Salvador de Vela de Oceano, Pedro Paulo falou sobre o esporte náutico do Rio de Janeiro e sobre a experiência dos cariocas de muitos anos organizando eventos náuticos de ponta.




Blog da FENEB: A Baía de Guanabara, embora várias vezes menor que a Baía de Todos os Santos, tem diversas flotilhas de monotipos e veleiros de oceano, com algumas classes tendo um campeonato estadual próprio. O que você acredita que faz as pessoas se interessarem pelo esporte náutico, e em especial à vela?
Pedro Paulo Petersen: É meio geopolítico, o Rio tem muitas famílias tradicionais europeias que formam tripulações, e essa tradição europeia passou pros filhos e netos, e isso fez com que nós tivéssemos 18 clubes de vela só na baía de Guanabara. Acredito que a força da vela é devida às famílias tradicionais, como a família do avô do Torben Grael, que veio para Cabo Frio construir uma ponte e acabou ficando por aqui. É um ramo da vela que tem tanto o Torben quanto os seus tios, Axel e Erik, é uma família inteira que os filhos vão crescendo e vão se juntando à vela. É um exemplo da árvore genealógica que faz crescer o número de pessoas que velejam.

Blog: O Rio sediou há dois anos os Jogos Pan-Americanos, durante o qual ocorreram eventos de vela. O público passou a ter maior interesse pelas regatas e campeonatos de vela no estado após o Pan?
Pedro Paulo: Acredito que a Volvo Ocean Race em 2006 foi um evento específico de vela que a mídia cobriu muito, tanto na TV quanto no rádio e jornal. A Volvo foi um ponto de partida para que o povo se envolvesse mais pelo esporte, já que só Pan e Olimpíadas tem uma divulgação maior. Acho que a VOR foi a base para a divulgação da vela, a partir dela houve um interesse maior da imprensa em divulgar a vela. Dentre todos os esportes brasileiros a vela é o que conseguiu mais medalhas, e a Volvo foi o alicerce para divulgar-se isso. Em março vamos ter a Volvo no Rio de novo, e a largada será dia 11 de abril. Será outro período que a vela será bastante divulgada.

Blog: Diferentemente da Bahia, que a força da vela está concentrada em Salvador, o Rio de Janeiro tem vários núcleos náuticos além da capital, como Angra dos Reis, Paraty, Búzios, Cabo Frio e outros. A FEVERJ possui um calendário de eventos náuticos especiais para essas regiões?
Pedro Paulo: A FEVERJ tem um calendário anual que envolve todas as regiões e um calendário específico para cada município. Temos 18 regatas oficiais durante o ano, uma regata patrocinada por cada clube e que envolve regatas fora do município do Rio de Janeiro. Essas regatas formam o Campeonato Interclubes que, ao final do ano, premia o clube campeão. Esse evento atualmente é um dos eventos mais concorridos, pois os clubes fazem força para que os velejadores participem destas regatas para o clube obter uma maior pontuação. Cada clube tem direito a uma regata por ano, e essas regatas somam para o Interclubes que não forma o velejador, mas sim o clube vencedor. Essa competição faz com que exista um intercâmbio, porque em todos os clubes vão velejadores de outros para participar. Antigamente, um velejador do ICRJ não gostava de participar em Niterói ou Angra, e hoje em dia os clubes incentivam para que eles corram essas regatas específicas para que o clube seja campeão.

Blog: O Rio de Janeiro receberá de novo este ano a flotilha da Volvo Ocean Race. Da última vez, há três anos, era a primeira vez que um veleiro brasileiro participava desta regata, e no final, eles conseguiram o feito histórico de entrar para o pódio de uma competição de altíssimo nível. Quais são os aprendizados que se obtêm ao realizar uma regata internacional deste porte?
Pedro Paulo: No Brasil, nós não temos uma cultura de vela junto aos patrocinadores. É muito difícil, em função do alto custo, que o Brasil se faça representar nesses eventos de grande porte, pois o valor mínimo de um patrocínio fica bem acima do que o retorno de mídia que será conseguido em função deste. O Brasil só consegue grandes patrocinios para o futebol, pois é o esporte que a mídia apóia. O projeto da Volvo, que teve um barco brasileiro, só foi possível pelo grande empenho da empresa Brasil 1 na busca do mesmo, e a maior parte desse patrocínio veio do Governo Federal.

Blog: Além da Volvo, vocês sediarão mais algum evento internacional este ano?
Pedro Paulo: Em 2009 haverão três Campeonatos Mundiais de vela no Rio de Janeiro. Na primeira quinzena de julho haverá o Campeonato Mundial da Juventude da ISAF e na segunda quinzena de julho o Campeonato Mundial de Laser 4.7, ambos no múnicipio de Búzios. E também o Campeonato Mundial de Optimist, que será realizado em Niterói no mês de agosto.

Blog: Para você, qual o pilar mais importante na construção de uma sociedade que respeite, incentive e participe do esporte náutico?
Pedro Paulo: O esporte náutico é tratado como um esporte de elite, e isso inibe muitos que querem participar de obter informações por acharem que é um esporte somente para ricos. Isso é algo que todo mundo fala mas não é verdade, pois existem velejadores que são da classe média-baixa. Ao se adquirir um barco da classe Dinghy ou Laser, que custa por volta de 3000 reais, o velejador não terá o custo durante bastante tempo pois o mesmo é movido a vento e a conservação é mínima. Ao mesmo tempo, se você compra uma lancha, o gasto com combustível, manutenção são razoavelmente grandes.

fotos: Maurício Mascarenhas

8 comentários:

  1. eu sou marcio trabalhei com anibal petersen na meta som em 1979 a 1990 conhci pedro paulo no regatas gunabara hoje eu moro em rio das ostras foi muito bom te ver, e anibal como ele esta manda um abraço. imcoro@gmail.com

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    1. Tenho a informação de q o Anibal foi assassinado por motivo fútil por volta de 2002.

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  2. eu sou marcio trabalhei com anibal petersen na meta som em 1979 a 1990 conhci pedro paulo no regatas gunabara hoje eu moro em rio das ostras foi muito bom te ver, e anibal como ele esta manda um abraço. imcoro@gmail.com

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  3. Não consigo acreditar. Aníbalorreu ?

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  4. Respostas
    1. A filha dele, Juliana Nemer, me confirmou a morte dele que aconteceu em 2003. Parece q foi assassinado por motivo fútil, por causa de um carro.

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  5. Conheci o Aníbal Petersen no cassino Royale na barra da tijuca em 1980 . Fiquei sabendo agora dessa triste notícia .

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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